quinta-feira, setembro 23, 2004

 

O código de estrada

Pois estranhei.
Estranhei sim senhora, mas hoje já pecebo.

Ora um gajo esgrime-se a trabalhar (pouco e mal, pelo que dizem os dados da Comunidade porque a produtividade está baixa) depois flagela-se a pagar impostos (mal porque o que há mais por aí são gaijos do governo a falar na evasão fiscal e gaijos dos sindicatos a dizer que vão ser os mais desfavorecidos a pagar impostos, e gaijos das confederações a dizer que se o grande capital for penalizado vai-se embora, donde se depreende que do mais desfavorecidinho ao maior tubarão toda a malta ainda foge. mas vou escrever sobre isto noutro lado). Depois de pagar impostos o desgraçado leva nos cornos da patroa (ou a patroa dele. Isto eu depreendo pela quantidade de bares de alterne e puta mesmo que existe em Portugal, que para quem ainda se lembra da polémica europeia das "Mães de Bragança", é maior que o resto da Europa e também me tenho de lembrar de escrever sobre isto). Ora depois, a grande custo (a ver pelo número de portugueses que de facto conseguem chegar à urna), a um custo do caraças votam.
Depois deste esforço todo, andam todos atrasados para chegarem onde querem. Ai andam andam. E aqui acontecem duas coisas:
1) Estão tão cansados que conseguem ultrapassar todos os limites de velocidade.
2) Esforçaram-se tanto que vão beber o merecido copo de 3, imperial, whisky ou outro aconchegante da sua escolha.
Não necesseçáriamente por esta ordem.
E depois pergunta-se:
Para quê tanto esforço?
Porquê?
Ora eu, depois de ver ontem a discussão sobre o projecto de lei do código de estrada não percebo. não chego lá.
Ora então o ministro foi discutir o código de estrada à Assembleia, discussão fundamental para pôr ordem no que a malta da política chama "o campo de batalha".
Aí foi ele.
Ora a malta da Assembleia sabia, pois sabia, porque tinha marcado, como manda a lei. E a lei ali até parece que manda.
Só que os deputados não estavam lá. E os que estavam adormeciam (nota honrosa para o Dr. Narana Coissoró que conseguiu evitar adormecer, apesar de bem lhe apetecer. Aquilo é que é um senhor. Notóriamente fez o esforço que os outros não conseguiam). E os que não adormeceram conversavam por fora. E os que não tinham conversas laterais, para aí três em cada altura que se visse, expressavam o acordo e a falta de conhecimento do diploma.

Ora a malta paga isto.
E paga bem. Incluíndo o ministro, que teve que parar para ir mijar ou beber a bica, porque a páginas tantas não estava lá.
E o código de estrada tem lá coisas que lixam os outros milhões de nós bem lixados. Caça cartas a dar com pau, limpa ordenados à tripa forra, chama criminosos à malta.
Agradecemos e compreendemos a preocupação dos Verdes para mostrarem que sabem daquela merda dos cancerígenos na cidade integrados nas emissões.
Alguém devia pensar que gajo que bebe e guia é criminoso, mas tão criminoso como ele deveria ser considerado o individuo que lhe vendeu o alcool.
Alguém devia parar e pensar que se a malta sistemáticamente ultrapassa limites de velocidade, eles deviam ser mudados (porque penso que, ao contrário dos copos esta é uma actividade generalizada)
Com a agravante que os nossos governantes não dão o melhor exemplo.

É que eu não percebo: há uma série de gajos que querem matar o touro e altera-se a lei porque é prática corrente. há uma série de mulheres que abortam e pondera-se alterar a lei porque esta não pode nem deve ser rígida nem desadequada da realidade.
Eu não conheço um condutor que não quebre os limites de velocidade, e este assunto nem é tratado numa sessão de sesta à tarde na Assmbleia da Républica Portuguesa. E depois um excesso de velocidade pode custar a carta e mais quatro ordenados médios.
E a malta continua a falar em leis para os outros, que por alguns pagam todos, como se não ultrapassássemos todos sistemáticamente a velocidade máxima. Assim não.
Percebo que haja assuntos mais importantes e que o dia a dia dos outros oito milhões de nós não seja muito importante. Isso já percebo

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