sexta-feira, outubro 15, 2004

 

Vou para os copos

Pois, tou um bocado mais virado para lá do que para cá. Aquilo que caía bem agora era uma Jola (cervejola) isso é que era. A seguir outra e depois mais uma que só dois é pouca coisa. Hé hé hé, E a seguir um whisky, e dpois outro e mais três que só quatro é pouco. E a seguir ia mandar um mergulho a Carcavelos, e ficava semi sóbrio, e ia direito ao Mónaco e virava-me outra vez. Tou na fase em que o que me apetece é engrossar-me. Por razão nenhuma de especial, de vez em quando é assim, um gaijo vem ao Tascalhão, esse espaço ideológico de troca de ideias entre mim e mim, troca ideias, pensa, e depois dá é vontade de um gaijo se virar todo. Té porque o mundo está para isso, olha para ele a ir. Aqui no Tascalhão ao trocar ideias, um gaijo sente-se cada vez mais na mesma, diz coisas de uma inteligência abismal (“... Nem a madame tem o direito de levar com ele regularmente...”) e frases controversas (“Só eu é que sou a favor dele -do Bush.- na Europa” Esta fez deste um blog privado, porque agora é que mais ninguém lê coisa nenhuma depois dela). Dá umas cacetadas na ortografia, na gramática e expõe o seu coração e depois fica com sede. Uma sede difícil de matar e que só com uma daquelas comas de estar três quinze dias com os queixos na sarjeta de ressaca é que passa. O mal, o mal é que monta-se um tascalhão, fala-se com as cervejeiras, enche-se isto de petiscos, compra-se o pipo e depois... Não aparece ninguém. Tenho que virar esta treta toda sozinho depois de fazer figura de parvo e tar para aqui a arengar sozinho desde o princípio do verão. É pena porque vai ser um prejuízo do caraças. O que faltava era umas gaijas boas à porta do Tscalhão a gritar “Olhá feeeeeeebra ó freguês, olhá bela da febra! É entrar e trincar! É quente e fresquinha ao gosto do freguês) Tava cheio de gaijos. E de fufas, ao nível prái de um Jamaica. Isso é que tava. Isto dos blogues é uma vida solitária, Eu no Tascalhão mamo copos sozinho. Na volta o Pipi também andava sozinho, a espancar o macaco héhéhéhé. Pois só quando passamos por elas que vemos estes pontos de vista. Mas assim, tenho que me ir virar sozinho e mamar mais uma jola, e um picapauzito. Com alho coentros e um bocadito de caril. E mais uma jola. E mais outra E mais um whisky para variar. E mais outro. E mais uma garfada no pica-pau. Não se tá nada mal no Tascalhão. Tenho que começar a escrever sobre filosofia ou, pelo menos, filosóficamente Entretanto, vou bebendo. Mas bebidas de homem. Jola ,whisky. Por exemplo, vodka com laranja é de paneleiro, a não ser que seja em caneca. Aí é à homem. Aliás, no Tascalhão só há Vodka com laranja em caneca.
E marado, daquele que a bebedeira trinca no figâdo e a ressaca parece que nos está a bater com uma barra de ferro na cabeça.


quinta-feira, outubro 14, 2004

 

Anda tudo ao mesmo

Recapitulando:
a Agência Internacional da Energia Nuclear diz que faltam prédios no Iraque. Não é grave dado o estado de coisas que por lá vai, faltar um prédiozito ou outro. Um gaijo vai visitar um xeique e de presente leva-lhe um prédio que sacou, de caminho, ali na baixa de Bagdad, “Tome lá xeique Ibn Fá Sa Sisso, um edificionzinho, que vai fazer maravilhas aqui no seu canto do deserto.” “Ó Sulimaleque, filho, mas o que é que eu faço com isto, não é como se desse para lá pôr camelos ou um poçozito de petróleo.” “Não, xeique Ibn Fá Sa Sisso, é mais decorativo. Olhe ponha-lhe uma toalhita por cima com um vaso de flores e vai ver que as susas mulheres vão passar a tratá-lo de outra maneira... da maneira como isso é radioactivo, as flores estão com 15 metros não tarda nada!” “Radiativo... radiativo como ó meu cabrão, leva mas é essa merda para o outro oásis imediatamente!” “Ó. Lá tá o xeique Ibn Fá Sa Sisso, a zangar-se antes de tempo. É só uma radiaçãozita, que este prédio era para fazer bombas OU MATERIAL CIVIL”.
Ai pois é, eu não disse? Os prédios que lá faltam eram prédios monitorizados pela agência supra citada, que tinham equipamento (note-se “de precisão”) para enriquecer urânio, permitindo a quem o utilizasse (depois de estudar física durante 15 anos) criar material para fins militares OU CIVIS. E acento o “CIVIS, porque agora é moda dizer bem do Saddam, tadinho que até foi operado à coluna, parece que à ernia. Quase como o Fidel, essa grande coqueluche da política internacional.
Pois é mas e atão expliquem lá:
1) Se a Agência Internacional da Energia Nuclear sabia dos prédiozitos, porque é que não falou neles antes HMMMM?
2) Cadê o material em si? Quero dizer, a malta até acha piada às transladações imobiliárias no Iraque. O que não percebemos é o que aconteceu aos “aparelhos de precisão”. O prédio pode bem ficar para o xeique.
Porque quer-me parecer, que ou os equipamentos aparecem, mas para ontem, ou mais cedo ou mais tarde faz-se um inquérito imparcial, seguido de uma investigação profissional e neutra, várias análises a fotografias de satélites e acabamos aos tiros na Líbia ou na Coreia do Norte.
Isto até dá uma certa ajuda ao Bush, na altura da eleição. O homem escusa de explicar porque é que descoseu a camisa nas costas e passa a dizer, o que não deixa de ser fácil, dada a falta de jeito do Kerry, aquilo que lhe apetece (eu já disse que gosto do homem, mas até é fácil lixar o Bush, o outro gaijo é que também tem pouco jeito para a coisa).
Entretanto o Marcelo, que até tinha jeito para a coisa, e que NOS PODIA EXPLICAR O QUE SE PASSOU, foi censurado. É uma merda, essa é que é essa, porque agora anda tudo às apalpadelas para saber o que é que se passou no Iraque, na educação, no futebol etc.
Eu até aceito que o primeiro-ministro não goste do gaijo e puxe dos galões à média capital. Se andar para aí um gaijo a dizer mal de mim cada vez que o deixam abrir a boca, se calhar também não gosto e faço o que puder para o calar. Mas não percebo. Enquanto andava na Figueira, o Santana aprendeu a andar à pêra. Porque é que não se virou para o Marcelo e não lhe espetou dois bananos na tromba? A malta até percebia. Custa um bocado ao Zé votante é ter que assistir à malta a fazer que não fez.
O Governo não começou a fazer pressão à uma porrada de tempo, a média capital não falou com o Marcelo e a Assembleia da República não vai deixar de descobrir o que se passa. Porque o PCP agora, depois de há menos de 30 anos andar a ocupar propriedade alheia( e defender internacionalmente essa prática ainda hoje) está preocupado com o atropelo legal da comunicação, porque é em época de eleições, porque não foi entregue com 72 horas, porque não é emergência nacional mais porque isto e porque aquilo.
Olho caraças!!! Deixem lá o Santana em Paz. O problema deste país é que não se tem respeito à malta importante. Pode atropelar de vez em quanto mas nem por isso é grave, desde que o país saia da fossa, como parece que diz que vai sair para o ano. Que eu já sei o que vou fazer com o meu IRS. Vou abrir uma conta poupança em Inglaterra, para ter lá algum quando tivermos que pagar a factura.
E parem com as comissões de inquérito, que a malta prefere ver outras coisas, ou então ponham lá deputadas boas e bem arreadas, agora o inquérito à colocação dos professores, é que não tem jeito nenhum.
Já toda a malta percebeu que aquilo foi a funcionalidade pública a fazer a folha à ministra, e que o ex- ministro, contente de se ter safo, também queria ajudar na festa, mas que vai ser difícil porque a ministra até deu conta do assunto, sem grande chavascal das centrais sindicais (e devo dizer que estou um bocado desiludidito com a FenProf, que costumava ser bastante mais caceteira), mas agora a comissão anda numa de jogar à roleta russa “and round and round she goes, where she stops nobody knows” e toca de ir à Compta, que diz que não, houve foi falta de comunicação com o ministério e os consultores só fizeram merda, e que a Drª Joana Orvalho foi uma figura muito importante para (pasme-se) resolver o assunto e que (pasme-se ainda mais) até entregou listas de professores colocados e que (despasme-se e pasme-se outra vez) o ministério as recusou porque “tinha lá pessoas que percebiam de leis e que o artº 35 não podia ser ignorado” (até hoje estou para ver um empresa de software que não incorpore a legislação no seu software). E atão não era culpa da Compta.
Tá-se mesmo a ver que ia cair em cima de alguém. E neste momento a comissão chama a referida Drª Joana Orvalho, tece-lhe os maiores elogios na sua qualidade de funcionária pública (?) e o Sr. Examinador faz um discurso, do qual ninguém percebe patavina, para perguntar por algumas inconsistências à Joaninha, que do alto do seu busto um bocado abaleiado só o não mandou merecidamente para o caralho a mais a puta que o pariu, porque é uma senhora, mas o gaijo também não teria ouvido porque estava ali para mostrar dotes oratórios e curtir a tripé de ácidos e não para se preocupar com as respostas dos inquiridos ou conclusões do inquérito que, como qualquer pessoa minimamente organizada, até já deve ter escrito.

Todas estas histórias um dia antes de o Scolari dar 7 a 1 à Rússia (podia era ser à Grécia, foda-se para os gregos, que ainda não se disse mal suficiente dos cabrões de merda) para depois mandar à merda a jornalista que o chutou quando ele estava por baixo (é, empatar agora é levar na pá).

Ou seja: Da América à Assembleia da Republica Portuguesa, passando pelo Brazil e pelo Iraque, TODA A GENTE ESTUDA PELA MESMA CARTILHA.

segunda-feira, outubro 11, 2004

 

E vai passando

Pois às vezes ponho- me a pensar, a quantidade de planos e projectos que fiz, as coisas em que me meti, como toda a gente, a quantidade de mudanças que fazemos nas nossas vidas, achando que lhes estamos a dar rumo, ou a acertar o rumo, ou a acostar em bom porto, ou a fugir da tempestade, ou outra metáfora marítima qualquer. E depois damos com os burrinhos todos na água e as coisas correm mal. Apesar de ter existido um princípio de, aparentemente termos começado uma coisa num ponto, que ia ser a tal metáfora marítima, sem sabermos como estamos agora a enterrar os restos, ficando com três coisas:
Um gosto a cinza na boca e uma dúvida de o que é que correu mal. E a dor. E as perguntas: quando é que começou a correr mal. E porquê? E o que podíamos ter feito para evitar? Tantas vezes que podíamos ter feito alguma coisa em vez de ir coçar os tomates para o café e falar com os amigos sobre a homilia do professor Rebelo de Sousa, sobre umas imperiais, que descambaram para os resultados do Euro (foda- se para os gregos, que ainda não se disse mal suficiente sobre os gajos)
Para gosto a cinza. Os judeus, cultura e religião milenar, que já registavam dor e sonhos por terra por escrito antes de o resto da malta, futuramente monoteísta, deixar de chafurdar na lama, a coisa resolve- se com uma fatia de bolo, que ajuda. Para a dor mesmo, existem tantas soluções quantas pessoas, multiplicadas pelos problemas. Agora para as perguntas, isso é que é lixado.
Por um lado temos que pensar nisso. Por outro não podemos analisar demais.
O facto é que, quando nos empenhamos numa coisa a sério e ela vai por terra dói.
E quanto mais nos empenhamos e mais pessoas mete mais tempo vamos demorar a enterrar aquele projecto, parece que mais a dor se aguenta.

Às vezes, gostava de olhar para trás e recuperar todos os bons projectos que tive e que deixei falhar, ou que falharam por si.
E às vezes gostava de saber proteger- me da dor que isso dá, e de proteger as pessoas que se magoam quando as coisas lhes correm mal, mas não é possível, porque afinal o que a malta leva para a vida é a vida.
Faz parte termos vitórias e derrotas, sucessos e falhanços, Totobolas e IRSs (noto que todos temos menos Totobolas que IRSs). Pois faz, porque a vida não é um barco para se lhe orientar o rumo e chegar a um porto. A vida é crescer ou vegetar e, ou melhoramos todos os dias com a porrada que este vale de lágrimas nos manda nos dentes e as coisas boas que nos espeta nas costas, e criamos com isso um ser humano melhor, ou isto um gaijo cada vez tá mais na mesma e anda cá só por ver andar os outros.
O que dói dói, o que é bom às vezes também. e é passar por isso que nos faz crescer, se formos capazes (aproveito desde já para, daqui onde estou, enviar o meu sentido “vai para a puta que te pariu” ao animal que disse que “para apreciar as coisas boas é necessário passar pelas más. Esclarecendo desde já que, para apreciar as coisas boas, é apenas necessário que elas nos aconteçam). E os fins não são começos (cheira-me que essa ideia também foi do individuo referido no parêntesis anterior). A maior parte das vezes os fins nem são fins, são transições. Pronto é isto, mais ou menos.
Ao reler isto parece-me muito um remake do sketch da Sic Radical do gajo que tem que suportar certas e determinadas coisas e aturar coisas que não deve e está para ali a arengar quinze minutos, sem ninguém perceber sobre o quê, nem ele explicar. Ou atão não parece. Mas como essa passagem na Sic Radical foi, de facto, brilhante, talvez o plágio conceptual não seja má ideia.
E já agora, quando começo algo tento marcar o momento com uma comemoração que dê para andar três quinze dias trêbado. Quando as coisas acabam, também acho que o melhor é marcar com uma bebedeira de três quinze dias.

Aliás proponho isenção especial de impostos para as bebedeiras de mês e meio, dada a produtividade que representam.

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